REFLEXÃO - Universidade prá que?

Pegando um "gancho": O Curso de Artes Visuais da UFMS inaugurará sua Galeria. Batizada de GAV - Galeria de Artes Visuais, que se propõe a atuar como um ambiente de apoio didático-pedagógico destinado à complementação dos conteúdos ministrados nas diferentes disciplinas de seu projeto pedagógico.

Faço parte do corpo docente da instituição e me orgulho de participar desse momento que representa um ponto positivo em relação aos muitos outros negativos que o ensino superior tem enfrentado. Tanto no que se refere às dificuldades de manter condições de trabalho adequadas, quanto ao enfrentamento da maledicência, de muitos daqueles que elegemos para nos representar que estão empenhados em desqualificar essas instituições que, no Brasil, contam com mais de cem anos de efetivos serviços prestados à sociedade, seja na formação de profissionais para atuar em várias áreas ou no desenvolvimento da pesquisa e do conhecimento em todas os campos e atividades.

O presuposto gerador desse tipo de instituição vem do latim: "Universitas magistrorum et escholarium" que se refere à reunião de mestres e estudantes em busca do conhecimento, ou seja, define o objetivo final desse tipo de formação.
A Univesidade é uma das instituições de conhecimento mais antigas da humanidade, admite-se que entre os séculos V e VIII haviam várias universidades em lugares como a Índia, Tunísia, Cairo, Bagdá, Fez, só mais tarde é que surge a primeira universidade europeia a de Bolonha fundada em 1088.

As Universidades são instituições de Ensino Superior, instituídas constitucionalmente destinadas a preparar profissionais em várias áreas conferindo-lhes título de graduados nas diferente profissões destinadas à sociedade. Suas principais finalidades se destinam ao Ensino, à Pesquisa e à Extensão. Em geral os cursos são reunidos em centros de estudo, institutos ou faculdades regidos localmente por conselhos, colegiados ou departamentos. A administração geral de uma universidade é realizada por uma Reitoria que organiza seus serviços e sistema em diferentes unidades acadêmicas, de pesquisa, ensino e extensão. Têm autonomia administrativa e pedagógica e suas decisões, tanto das unidades mais próximas dos estudantes quanto das mais amplas são realizadas coletivamente por meio de reuniões de departamentos, colegiados e conselhos.

Sem as Universidades não teríamos desenvolvimento social, industrial, tecnológico, agrícola, econômico e cultural e tantos outros. Talvez, sem ela, nem nos sustentaríamos como nação. É fácil para alguém que olha do presente, sem consciência histórica, ignorar o passado ou as vicissitudes que foram superadas para chegar até aqui. É fácil ignorar a construção de um projeto de sustentação de desenvolvimento fundado há séculos no conhecimento. O mais ignorante dos mortais é capaz de perceber que o conhecimento não cai do céu nem é produzido por osmose ou geração espontânea, é fruto da dedicação de gerações e gerações de estudiosos, inventores, pesquisadores e, pasmem, professores...

Nenhuma sociedade se consolida ou se sustenta, tampouco sobrevive sem conhecimento. Basta olhar para as nações, consideradas desenvolvidas, para constatar que boa parte do desenvolvimento se deve aos investimentos nas pesquisas, na consolidação e disseminação do conhecimento. São as instituições dedicadas ao conhecimento que sustentam esse desenvolvimento pois, para colocar em prática uma nova tecnologia, por exemplo, é necessário criá-la, desenvolvê-la, testá-la até o ponto de torná-la disponível para que os demais níveis produtivos dela se apropriem e a transformem em bens ou serviços e disponibilizem para a sociedade.

Ao mesmo tempo não se deve ignorar que a produção de conhecimento não se reduz apenas àqueles que podem ser transformados em bens econômicos, mas também aqueles que desenvolvem valores e consciência social e cultural. Apenas para exemplificar: seria o mesmo que entender que um corpo existisse apenas pela sua estrutura física e fisiológica e que não tivesse consciência, espírito ou alma. Assim perderíamos a humanidade... e também o humanismo.

Em tempo de Vírus as esperanças recaem na ciência, no conhecimento esperando que encontrem soluções rápidas para nos proteger, mesmo que, na maior parte do tempo ela tivesse sido tratada como um simples apendice, um desperdício, algo desnecessário acreditando que a riqueza (material ou espiritual) surja da própria riqueza e não da pesquisa, do conhecimento e, principalmente do ensino, que é o meio mais acessível, mais adequado para que a sociedade exista e se desenvolva.

Agradeço a leitura e compartilhamento. 


Nenhum comentário: