REFLEXÕES - A questão da crítica em Arte

É comum ouvirmos dizer que a crítica é responsável pelo julgamento das Obras de Arte, ou seja, a responsável por aferir valores e dizer quais obras devem ou não pertencer ao Sistema de Arte.
O termo crítica é o substantivo feminino de crítico, cuja origem vem do grego kritikós resultando no latim criticu, cujo sentido, em geral, se refere à apreciação, valoração e julgamento de Obras de Arte. 
A meu ver, a atitude crítica é sempre uma conduta analítica que parte da apreciação e tem como objetivo estabelecer ou reconhecer aspectos intrínsecos ou extrínsecos às Obras mediante comparação ou confrontação com as demais manifestações representantes da mesma espécie, lastreados numa mesma cultura ou ambiente social de tal modo que os parâmetros sejam identificáveis e plausíveis dentro daquele contexto.
A crítica pode ser feita sobre um conjunto de obras constituído pela produção de um autor, de um período ou mesmo sobre uma só obra que chame a atenção ou mereça destaque no contexto da cultura. 
Acredito que a atitude crítica deva ser sempre analítica e qualitativa e não só opinativa cujo resultado seja apenas um julgamento raso de valor: bom ou ruim ou pessoal gosto ou não gosto. 
Deve estabelecer parâmetros entre as condições sócio-culturais, técnicas e estéticas de um lugar, período ou manifestações cujo resultado seja capaz de mediar a relação entre a produção artística e o público e, assim, promover o conhecimento sobre Arte. 
Pode-se refletir ainda à respeito de que valores são adequados para uma mediação crítica. É comum ouvir que há dois tipos de crítica: uma positiva e outra negativa. A positiva, em geral, enaltece a obra ou o criador e, ao contrário, a negativa denigre um, outro ou ambos.

Podemos citar como exemplo negativo, o caso da crítica feita a Anita Malfatti por Monteiro Lobato, realizada com extremo mau humor e agressividade, motivada, talvez, pela sua incapacidade de compreender as mudanças pelas quais a arte daquela época passava. Se quiser ler acesse o texto no meu ambiente virtual de aprendizagem: http://www.artevisualensino.com.br/index.php/textos?start=50

Penso que os valores ponderados nas análises críticas devem ser embasados no conhecimento estético construído no percurso da história. Há momentos em que aspectos técnicos são mais importantes ou evidentes do que valores estéticos ou conceituais e, em outros momentos, pode-se observar o contrário. Logo a crítica deve se preocupar com sua vigência, sua validade no seu tempo e no seu lugar. 

Contemporaneamente as atitudes críticas que defendam valores absolutos, rígidos ou definitivos não encontram respaldo no contexto já que a cultura é um organismo dinâmico e em constante mutação, logo, a crítica mais preciosa é a que se faz à luz da sua própria época. Que analisa, avalia e explica a arte em relação ao nosso tempo e constrói o conhecimento para nosso entendimento.

A crítica é importante para balizar o entendimento da arte ou, pelo menos, para nos mostrar a importância da Arte no contexto social na medida em que ela pode refletir as mudanças de atitude, de proposições em contraponto com as mudanças sociais.
De modo geral, deve-se afastar da crítica mal intencionada, depreciativa já que os parâmetros para julgamento estão na própria obra e no contexto cultural em que ela existe e não no gosto ou no interesse de um crítico em particular. artista, conjunto de obras, Deve-se afastar também da crítica dirigida, conduzida para um determinado artista, colecionador ou marchand.
Não há verdade absoluta ou exclusividade de julgamento ou do próprio pensamento crítico. É necessário que o exercício crítico seja livre e isento de influências e de interesses pessoais. Do mesmo modo que a expressão artística é impregnada de valores culturais, crenças e tendências, o texto crítico também estará contaminado pelo um olhar da época, por mais criterioso que seja o crítico. 
É de se esperar que os críticos sejam oriundos do meio em que exercem sua crítica, entretanto, não é incomum que, indivíduos originários de áreas correlatas ou mesmo de áreas completamente diferentes das da arte, exerçam a crítica de arte. 

O risco é que pessoas de diferentes áreas ao se dedicarem ao pensamento crítico, não o fazem com critérios adequados, portanto, suas críticas tendem a ser superficiais ou desfocadas.
Para se fazer crítica conseqüente, a base de tudo é a informação. Há que se conhecer as diferentes teorias da arte, os diferentes artistas de uma dada época sobre a qual se debruça. Não é possível pretender um julgamento adequado sem ter o conhecimento adequado e um domínio de causa pertinente.
É o que penso. Agradeço a leitura e o compartilhamento. 

4 comentários:

Raphael Alves disse...

Crítica sem alicerce não é crítica, é mero "pitaco".
Muito bom o texto, professor! Como de costume. Abraço do eterno aprendiz

Unknown disse...

Oi Issac! Achei seu blog pesquisando sobre leitura de obras... Amei! Parabéns! de sua aluna "das antigas", Livia

Carla Bortoloni disse...

Admiro muito!

Parabéns!

Carla (aluna e da "mes" cidade)

Rosecler Hinerasky disse...

Sou professora de Artes: artesrosecler.blogspot.com e estou iniciando nesta vida de blogueira, amo artes, tenho 15 turmas(6 turmas de quintas-séries, 5 turmas de 1°anos e 4 turmas de 2°anos de ensino médio)Seu blog vai ser muito útil para mim, abraços